08-11-2024
A saúde mental não é um problema do "amanhã"
As rápidas mudanças na sociedade e no trabalho, e a incerteza do futuro, tem-nos obrigado a depositar um olhar cada vez mais atento sobre a importância da saúde mental. Aqui, as empresas e os seus líderes podem, e devem, fazer parte da solução.
Muitas vezes a saúde mental no trabalho é subestimada. A verdade é que, em média, uma pessoa passa cerca de um terço da sua vida no trabalho, por isso o ambiente, o stress e a dinâmica interpessoal nele envolvidos, têm um impacto significativo na saúde mental dos colaboradores.
Em termos práticos, existem um conjunto de fatores que podem, em última instância, levar ao declínio do bem-estar do colaborador na empresa. A pressão e cargas horárias excessivas, com pedidos irreais e prazos apertados que podem levar aos primeiros sinais de burnout ou, ainda, a falta de suporte e reconhecimento pelo trabalho desenvolvido, são alguns exemplos.
Também a falta de comunicação e feedback têm um papel na equação, que acabam por impedir o crescimento e geram, ainda, insegurança. Todos estes fatores têm um papel preponderante na visão que o colaborador tem sobre a sua função e a empresa podendo, ainda, afetar os seus níveis de produtividade e desempenho, e, já mais no topo do funil, afetar negativamente a reputação da empresa e diminuir a retenção de talentos.
Promover a saúde mental no trabalho exige uma abordagem holística, que vá muito além de mecanismos de gestão de stress. Hoje em dia não basta um salário "recheado". É preciso olhar mais longe e mais profundamente. Precisamos de nos focar, fundamentalmente, na criação de uma cultura de apoio e, aqui, os líderes têm um papel fulcral e urgente.
A cultura tem de vir do topo e é por isso que é essencial incluir a liderança nestas iniciativas. Quando falamos numa cultura de apoio, falamos em valorização e reconhecimento dos colaboradores pelo seu trabalho e empenho, fomentar o sentimento de pertença, promover canais de comunicação aberta, criar oportunidades de crescimento e desenvolvimento de competências e, se possível, horários de trabalho mais flexíveis.
A verdade é que, quando o colaborador está emocionalmente bem, a empresa colhe também benefícios, desde um clima organizacional com relações mais saudáveis até à obtenção de soluções mais inovadoras e criativas para a resolução de problemas. Um colaborador que sente que a empresa se preocupa com ele e com a sua saúde mental é, naturalmente, mais produtivo, leal e envolvido nas suas tarefas e na cultura da empresa.
Mas a criação de uma cultura de apoio não acontece do dia para a noite e de forma automática. Construir e solidificar uma cultura de apoio requer ferramentas, empenho, investimento e, acima de tudo, intenção. Requer líderes preparados, empáticos e transparentes.
É preciso mudar o "chip" e perceber que a saúde mental dos nossos colaboradores não pode ser mais um problema de amanhã. Devemos encarar o seu bem-estar como parte integrante no seu caminho e desenvolvimento profissional, bem como no caminho e evolução da empresa.
Contribuição de Isabel Borges, Country Manager da Multitempo by Job&Talent, para o E-book Recursos Humanos - Tendências e Oportunidades para 2025
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